Monday, September 12, 2011

dependência + internet + tratamento

Hoje fui cumprir um mandado de intimação numa longínqua localidade da Ilha da Magia.

Cheguei na frente da casa e tive que bater palmas, sentido-me um completo paspalhão, uma vez que Florianopólis é uma cidade em que as residências não tem campainha.

Dai tá, me aparece a intimanda de pijama, pra variar. Isso numa segunda-feira às 11h da manhã.

Enfim, inicio meu monólogo padrão. A mulher assina a parada e eu dou uma via do mandado pra ela.

"Mas que que eu faço agora?", a mulher pergunta.

Faço uma longa explanação sobre o que ela deve fazer, a qual poderia ser resumida em uma única frase: "ligue pro seu advogado, mas antes que eu conclua meu raciocínio, a mulher me pergunta "tu é de onde?"

"Como assim 'de onde eu sou'"?, indago, aturdido.

"De que estado tu é?", ela torna a perguntar.

"Sou de Santa Catarina mesmo, de Blumenau", na realidade, como é do conhecimento dos inexistentes leitores deste blog, eu sou de Gaspar, mas quando me perguntam de onde eu sou, sempre digo que sou de Blumenau, por que ninguém conhece Gaspar, dai se eu digo que sou de Gaspar, nego faz aquela cara de cu e eu tenho que ficar explicando onde fica a porcaria da cidade de Gaspar no mapa de Santa Catarina, o que, no fim, não faz diferença nenhuma, por que o cara nem vai passar a saber onde fica Gaspar depois da minha explicação, inclusive por que, niguém dá a mínima pra Gaspar. Assim, eu facilito a vida de todos simplesmente dizendo que sou de 'Blumenau', que é uma cidade igualmente ruim, vale mencionar.

"Ah", ela diz, "é que eu sou de São Paulo, e tu não tem sotaque de catarinese, tens sotaque de paulista ou paranaense".

"Porra, sotaque de paulista/paranaense? Tá me tirando, mano? Perdeu a noção do perigo, o medo da morte? Ninguém me chama de Paulista, ou, pior ainda, de Paranaense", foram as palavras que me passaram pelo celébro naquele instante.

Contudo, externalizo apenas um consternado balançar de cabeça e os lábios contraídos. Despeço-me. Parto, em silêncio, pra próxima casa sem campainha.

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