Thursday, July 25, 2013

Big Brother Brasil 2014

Naquela fria manhã de inverno meu couro cabeludo precocemente nu era castigado pela gélida brisa que soprava do atlântico.

Como a residência indicada no mandado não possuía uma campainha, bati minhas esquálidas palmas e berrei "ô, de casa", me sentido o maior paspalhão do pedaço.

Aparece um sujeito na janela; me identifico como "longa manus" do Poder Judiciário; ele vem até o portão.

De posse de um mandado de citação em uma ação de execução de alimentos, iniciei meu monologo padrão, que passo a sintetizar: sua ex-mulher havia ingressado com aquela ação, cujo objeto era cobrar dezesseis mil reais de pensão alimentícia em atraso, e mais, se ele não pagasse a grana em três dias, ou apresentasse alguma justificativa muito boa (tipo: não paguei pois fui abduzido por alienígenas oriundos dos confins do universo), seria decretada sua prisão.

Nesse tipo de situação, terminado o meu discursinho, normalmente o sujeito tenta se justificar pra mim, contando toda a história de sua vida até culminar naquele fatídico momento, na esperança de que eu tenha qualquer poder na condução do processo. Eu não tenho, e sempre acabo tendo que explicar que sou um reles "carteiro do fórum", que apenas cumpro ordens judiciais e nem conheço os processos, bla bla bla.

Mas não o sujeito dessa história, pois, uma vez cientificado dos termos do processo, ele se resumiu a decretar "eu vou matar essa filha da puta".

Nos despedimos. Eu havia arruinado mais uma vida.